Quero mais, quero repetir.
Carol Burgo, Beijos e Textos.
Sou um coração batendo no mundo. Dentre tantos
corações fortes e intensos, um veio bater no meu peito, num ritmo louco e sem
contento. Desassossegado, quase mal educado, retumbante e barulhento, com vinte
mil alfaias em conjunto, explode em meu peito a vontade de tudo. Sou um coração
batendo com fome, no mundo. Quero que a vida me leve de coração cheio, saciado,
empanturrado, que não me falte nada que viver. Eu tenho pressa, meu amor, de ver
que a história tem um final feliz. Vivo com a urgência dos dias contados, sem
saber exatamente o dia do fim. E não vivemos todos assim?
Parece que tem gente que bate o pé, em vez do
coração. Estranho é pensar que viver adormecido pode ser o melhor caminho e que
se alimentar de rasos momentos, multiplicar silêncios é, afinal, um jeitinho
bom. Estranho é pensar que a gente gosta, mas prefere não sentir, que a gente
abre mão da inquietação natural de tudo o que faz bem e dorme no estranho
conforto de uma cama vazia. É como escolher um prato sem risco, sem gosto, sem
afeto, feito apenas para alimentar o bucho, e partir sem recordação. Pois meu
coração é voraz e tem fome e bate na mesa três vezes, retumbante, quero mais,
quero melhor, quero repetir.
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