F.E. Deixe os sonhos levarem as dúvidas


Quando a noite chega, daquele jeito manso, me ensina que pensar ao olhar o teto é como beijar a boca do destino. É ficar ali, pensando, e refletindo como a vida é feita de um pouco que muito diz. À minha maneira observo o teto mudo e converso com as minhas dúvidas, mas não faço promessas, não quero engaiolar meu futuro.
Só quem sonha antes de dormir sabe como é acordar para dentro de si. E assim, ensaiar futuros, desvendar amores e acreditar que o ineditismo da vida sempre será o nosso maior apaziguador. Acreditar que o destino – mesmo que ele não exista – é o nosso maior companheiro, é a forma mais branda de deixar nossos corações mansos e leves. E de coração leve o amor flui. E como flui…
Como a boca de um amor repentino a noite me afaga e, como quem nada quer, me diz que o sono sempre leva as dúvidas para longe. Sonho com o dia que eu consiga olhar o teto antes de dormir e só consiga sorrir. Sorrir sem motivo, sorrir preenchido, sorrir refletindo o sossego do meu coração. Coisa rara e inimaginável nesses últimos tempos. Mas logo eu esqueço isso, pois eu sei, minha memória sempre me trai.
Refletir antes de dormir é buscar conserto para a alma. É desencaixotar emoções e brincar de um talvez que, hoje, tanto dói. Dor com mistério de rio e grandiosidade de mar. Dor necessária para desembocar emoções que há tempos estavam guardadas numa caixinha repleta de orgulhos e desdouros.
E assim, com olhar de aguardo, admito que não consigo dormir sem antes me refazer.
Frederico Elboni

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